Na entrevista para Howard Stern, no plano de divulgação do novo álbum, Madonna se abriu como há muito tempo não fazia. Para quem ouviu o áudio, logo pode pensar na fase de “Na cama com Madonna”, quando a Rainha do Pop não media palavras para falar de sua vida pessoal, carreira e projetos para o futuro. “Eu tinha que continuar, foi uma situação estranha”, Madonna revelou quando perguntada sobre a questão dos problemas que teve para adotar seus dois filhos mais novos, por exemplo.
“Eu fui excomungada. Eu fui excomungada três vezes pela Igreja Católica”, ela ainda conclui quando entrou em pauta a pressão que sofreu referente a seus projetos – músicas, filmes, videoclipes – subversivos. Mas para ela, isso não importa. “Eu não ligo para o Papa, e não me levem a mal, é só que eu não me importo com o que a Igreja Católica faz. Mas eu acho que ser contrariada quanto ao fato de adotar foi só para dificultarem o meu caminho. Eu quis, às vezes, entrar em um buraco, me isolar.”
“Pensar por si mesmo e ir contra a corrente já é uma maneira de chocar as pessoas”. Confira uma cobertura sobre esse bate-papo onde Madonna se mostra e explica mais sobre suas crenças, vida e trabalho.
Howard Stern.: Madonna, quando você está chocando as pessoas, na verdade você não pensa em entretê-las, fazê-las se sentirem bem? E ainda assim, elas se chocam
Madonna: Vivemos em um país puritano. Matar é certo. O restante, não.
H.S.: Você sabia que ia ultrapassar os limites quando você fez Like a Prayer e Like a Virgin…
M: Eu não sabia a extensão. Quando performei Like a Virgin pela primeira vez, meu sapato caiu e eu não conseguia dançar. Então eu tive que ficar no chão, e começou a aparecer a minha bunda – hoje todo mundo mostra a bunda, mas não era comum naquela época. E eu nem sabia que a minha bunda tava aparecendo! Eu tava fazendo o melhor que eu podia com a situação que acontecia. É isso que eu faço, é isso que eu fiz quando eu caí (no BRIT Awards) porque minha capa estava presa. Eu preciso continuar. Quando acabei de cantar Like a Virgin naquela situação, eu saí do palco e meu empresário me disse: “Você sabe o que acabou de fazer? Você matou a sua carreira!”
H.S.: Ele disse que você tinha acabado com a sua carreira – o que era tudo pra você. O que você fez? Como se sentiu? Você acreditou?
M: De um certo jeito, acreditei. Mas não sou do tipo que entra em pânico. Eu não era tão inconsequente, mas pra mim era só um erro que eu havia cometido. Mas não liguei pra alguém chorando. Hoje eu aprendi que isso é apenas besteira, as pessoas dizem isso para nos fazer sentir algo.
H.S.: Você veio de uma família grande, e a lenda é que teve uma infância difícil. Sua mãe morreu quando você tinha 5 anos e criou um buraco no seu coração que nunca pôde ser preenchido. Como você se tornou uma mãe, sem ter tido esse contato?
M: Isso é uma boa pergunta. Eu aprendi na prática. Eu tentei ser a mãe que eu gostaria de ter tido, que eu não tinha. Eu tentei ser tudo que eu queria, ser enfermeira, amiga, conselheira. Às vezes errei, às vezes deu certo. Pedi conselhos à minha irmã.
H.S.: Seu pai te criou, certo?
M: Mais ou menos, quando não estava trabalhando.
H.S.: Seu pai se casou com a governanta. Quando ela virou sua madrasta, você passou a odiá-la. Não? Quantos anos tinha?
M: Você que está dizendo isso. Eu tinha quase 9 anos quando meu pai se casou de novo, cerca de 3 anos após minha mãe ter morrido. Ela era nossa governanta, mas ela desapareceu por um tempo para dar à luz ao filho dela, que ela não iria criar. Então tivemos a ajuda de várias outras mulheres, até que um dia ela reapareceu e meu pai disse que ia se casar com ela. Eu não entendi, eu ainda estava de luto ainda, meu pai jamais conversou comigo sobre isso. Ele deveria estar devastado, sem palavras para conversar sobre isso.
H.S.: Eu tenho duas imagens suas na minha cabeça de quando você era uma criança. Em uma, você é a criança rebelde e que ficava mais com seu professor gay de dança quando estava na escola. E a outra é que você era estudiosa.
M: Eu era esperta, mas não sabia socializar. Eu achava todos idiotas.
H.S.: Você tinha um alto Q.I., não?
M:  O Q.I. não mede toda a inteligência de uma pessoa. Não vamos por esse caminho. Eu sempre me senti uma excluída: eu não tinha mãe e era a mais velha, me sentia mais responsável pelos outros. Tarefas na escolas, tarefas em casa… Minha casa não era um lugar bacana para se crescer. Depois, nossa vizinhança era religiosa, assim como nossa escola e essa se tornou a vida que conhecíamos. Quando eu fui pro colegial, mudei pra um subúrbio onde as pessoas eram más. Me julgavam pelas roupas, eu não me encaixava… Eles eram realmente ricos, membros de clubes, vestiam roupas legais. E eu não era aquilo, me sentia ressentida, me sentindo julgada e então escolhi me excluir.
H.S.: Você se formou cedo e resolveu ir para Nova York, uma parte realmente maluca da sua vida. Você foi para fazer faculdade?
M: Eu estudei na Universidade de Michigan por um ano, onde comecei a estudar dança.
H.S.: Sua mãe era dançarina? Sua família tinha algum envolvimento com música?
M: Minha mãe era dona de casa. Minha família tocava instrumentos, tive um tio pintor. Estava rodeada pelas artes.madonna_howard_stern_1
H.S.: Quando você pensou em ser dançarina, nunca pensou em ser cantora, certo? Isso não é estranho? Daí você vai pra faculdade e um professor te influencia a fazer isso…
M: Sim. Mas ele só me disse que eu era boa demais para me limitar. Eu não precisava daquilo que eles tinham em Michigan, e me motivou a ir pra Nova York.
H.S.: Quando você chegou em Nova York, sentiu que estava em casa?
M: Eu senti que tinha colocado meu dedo na tomada. Eu estava completamente em choque, como qualquer pessoa da minha região estaria se chegasse daquele jeito em Manhattan. Eu não conhecia ninguém lá. Eu não sabia sobre o meu futuro, eu não sabia me socializar como eles – eu dizia “oi” pra todo mundo na rua, como se fosse uma idiota.
H.S.: A história diz que você desceu do ônibus, apenas 35 dólares no seu bolso e vestindo um casaco de inverno em pleno verão. Você não tinha onde morar, mas quando saiu do ônibus um estranho te perguntou por que estava usando um casaco, e você contou a sua situação pra ele. Então ele te convidou a morar no sofá dele. E você fez isso.
M: Sim, mais ou menos isso. Foi uma loucura, eu sei. Anjos estavam me protegendo. Eu o conheci em um mercado de pulgas. Foi a primeira vez que tinha andado de táxi, que foi como eu cheguei até o centro da cidade e cheguei na Times Square, que era bem diferente do que é hoje.
H.S.:  Você contou ao seu pai que estava indo com apenas 35 dólares no seu bolso para Nova York?
M: Ele nem sabia quanto dinheiro eu tinha, mas me proibiu dizendo que eu tinha que terminar meus estudos. Eu não tinha a bênção dele nem apoio financeiro pra isso. Ele é antigo, ele queria que eu me formasse e tivesse um diploma de advogada, médica… Coisas normais. Eu preferiria ser professora.
H.S.: Você pensava “ah, seria muito mais fácil se eu tivesse virado uma médica”?
M: A cada três dias eu pensava em desistir, mudar pra uma floresta disposta a não deixar mais ninguém me ferrar.
H.S.: Por que você não fez isso?
M: Porque eu sou uma artista. Eu sou uma masoquista. Eu gosto de criar. Talvez algum dia eu faça.
H.S.: Você conseguiria tirar algum tempo de férias?
M: Ha-ha-ha. Eu não posso. Acabei de lançar um CD!
H.S.: Não agora, um outro momento. Você fez isso? Ficar alguns anos sem trabalhar?
M: Não. Nunca fiz. Eu acho que poderia fazer, mas não sei…
H.S.: Você tem um hobby?
M:  Sim, andar a cavalo, esquiar… Eu faço coisas perigosas.
H.S.: Quando  Christopher Reeve caiu de um cavalo e ficou tetraplégico, isso não te deu medo?
M: As pessoas são atropeladas por ônibus todos os dias. Isso não deve parar você. Eu tento ser cuidadosa apenas. As pessoas tentam me dizer pra parar, mas tudo que eu gosto é perigoso. Esse trabalho é perigoso. Mas não se preocupem comigo.
H.S.: Mas, então você chegou a Nova York para ser dançarina e dormiu no sofá de um desconhecido. Como você fez dinheiro?
M: Eu dormi lá apenas por uns 5 dias. Eu comecei a participar de audições e entrei em algumas companhias de dança e fazer alguns trocadinhos. Eu fiz tudo que estava ao meu alcance, até vender rosquinhas, mas fui mandada embora porque tive um problema com uma máquina que sujou todo mundo ao redor. Em alguns lugares implicaram que eu usava meia arrastão, mas continuei usando e fui demitida também.
H.S.: Nova York foi um lugar assustador, certo? Você também foi estuprada em Nova York… foi bem perigoso.
M: Meu apartamento era roubado sempre, então tudo era tirado de mim. Eu fui atacada por um estuprador uma noite, tudo que aconteceu foi louco. A minha inocência foi minha armadilha, porque eu precisava de dinheiro pra fazer uma ligação e ele me emprestou. Eu contei a ele o motivo da ligação, e ele disse que eu poderia usar o telefone da casa dele. Eu acreditei porque era algo comum em Michigan…
H.S.: Você nunca pediu ajuda, nem nunca fui até a polícia relatar esse crime? E eu sei que muitas mulheres acabam fazendo a mesma coisa quando isso acontece a elas.
M: Bem, me disseram que se eu quisesse prestar queixa, fariam exames bem invasivos, eu teria que ir a um tribunal e isso era um novo abuso. Seria muito humilhante.
H.S.: Percebi que você está doente. Você é neurótica com a sua voz? Você cancela seus planos pra se tratar?
M: Estou resfriada. Eu tenho que cuidar da minha voz, estou fazendo os ensaios para os shows de divulgação do CD. Esse é um outro problema meu, eu não cancelo compromissos.
H.S.: Mesmo se tiver doente?
M: Se for só um ensaio, eu faço o que tenho que fazer tentando me poupar.
H.S.: Mas você é neurótica com a sua voz?
M: Eu tenho que cuidar, porque é um dos meus instrumentos. Às vezes me vejo gritando com alguém em casa, e então percebo: Pra quê? Eu preciso cuidar da minha voz.
H.S.: Você é triste?
M: Não!
H.S.: Você é feliz?
M: Eu sou feliz às vezes. Há graduações de felicidades.
H.S.: Mas às vezes você se lamenta do que tem que fazer?
M: Às vezes sim, é normal. Mas eu tenho pessoas esperando que eu faço o que tenho que fazer. Não fico infeliz por isso. Mas às vezes me sinto mal. Uma vez que você está em turnê, você precisa fazer seu show, porque as pessoas esperam por isso. Mas às vezes não estou bem pra isso.
H.S.: Você lê críticas no jornal ou twitter?
M: Não. Eu tenho um instagram e apareço raramente no twitter.
H.S.: Você gosta do Letterman? Não sei se você gosta dele ou só suporta.
M: Esse é meu jeito de flertar com as pessoas. Uma vez fiquei brava com ele, naquela situação que disse vários palavrões. Naquela situação eu estava acostumada com a maneira “rapper” de falar, por causa do meu namorado. Mas hoje estamos bem.
H.S.: Eu sei todos os seus namorados. Warren Beatty… Você realmente estava apaixonada por ele.
M: Sim.
H.S.: Ele quebrou seu coração.
M: Escute aos meus discos, você vai saber quem me deixou mal. Tem muitas canções sobre isso no meu novo álbum.
H.S.: Falando nele, acho que ele é um dos melhores que você já fez, ao lado de Ray of Light. Mas, você já foi em um psiquiatra? Saber porque seus casamentos não dão certo. Você acredito nisso?
M: Eu já fui, mas eu prefiro não comentar sobre isso. Os relacionamentos não foram ruins… Eles terminaram de uma boa forma, já que eu escolhi não ser infeliz ou ficar me lamentando. É difícil ser artistas, criadora e ser mulher com homens que se incomodam com isso.
H.S.: Você precisa de homens de sucesso.
M: Sean era um homem de sucesso.
H.S.: Assim como Guy Ritchie.
M: É que alguns caras querem uma mulher que fique em casa. Isso é válido, mas não sou eu.
H.S.: Em uma de suas novas músicas você fala da sua vagina. Suas crianças gostaram?
M: É uma piada. É algo irônico… Não é pra ser uma canção sexual. Eles estão acostumados comigo. Eles sabem separar.
H.S.: Você encontrou conforto em um amigo como o Michael Jackson? Você sabe, ele tinha todos esses problemas de ser perseguido, muito famoso. Uma vez vocês foram ao Oscar juntos. Ele era alguém que você podia conversar?
M: Eu tinha muitos pontos em comum com ele, mas ele era tímido e nunca teve uma infância. Ele ainda era uma criança. Não tivemos um relacionamento assim, comigo me revelando pra ele, nós mais brincamos um com o outro.
H.S.: Ele achava que podia confiar em você também?
M: Eu acho que sim. Ele se sentia torturado pelas pessoas, eu acho que nunca foi feliz como ele parecia. Ele se via com os olhos dos outros e era importante que ele soubesse que eu não o via assim.
H.S.: Pensaram em gravar juntos?
M: Sim, mas não aconteceu.
H.S.: Você se incomoda quando homens bebem demais?
M: Não vejo problema em beber, mas sim em ficar chato. Homens e mulheres podem beber e ficar divertidos, mas também podem ficar chatos. Eu não costumo beber muito, mas sou muito divertida quando bebo. Fico um pouco sem controle, sem querer controlar. Mas não sou uma pessoa que usa drogas… Experimentei ecstasy nos anos 80 e foi divertido, mas fiquei tão mal depois que não me interessei mais.
H.S.: E você não fuma maconha?
M: Há algumas horas que não. Estava trabalhando com outras pessoas na última vez, compondo.
H.S.: Você não gosta de Like a Virgin porque ela se tornou uma imagem sua mas não foi você quem escreveu. É verdade isso?
M: Eu não gosto de ser associada como “Material Girl” e não “Like a Virgin”. Mas isso é porque as pessoas não entenderam a ironia da música… Eu gosto da música, mas eu não sou uma pessoa materialista. Tudo que faço é levado literalmente e isso me irrita. Eu adoro “Like a Virgin”.
H.S.: Mas você é uma pessoa bilionária.
M: Eu não sou. Outras pessoas cuidam do meu dinheiro e eu divido ele com os países.
H.S.: Você gosta bastante de filantropia. Muitas pessoas ricas não se empenham nisso.
M: Você não pode se apegar a algo quando você pretende doar. Eles podem ter outro jeito de se doar.
H.S.: Você acredita em horóscopo?
M: Sim, mas não naqueles que saem no “Post”.
H.S.: Você coleciona arte. Que artistas você gosta? Qual a mais cara que você comprou?
M: Se você vai gastar tanto, você precisa gostar. O mais caro… Francis Bacon. Eu dizia para o Sean (Penn) que quando tivesse meu primeiro milhão, compraria arte. Eu comprei muita arte.
H.S.: Você namorou um pintor. Mas você terminou com ele porque ele usava drogas, mesmo o amando.
M: Sim, ele usava heroína. Ele era maravilhoso e talentoso. Ele me fez devolver todas as obras que ele tinha me dado… e depois as pintou de preto.
H.S.: É a pior coisa do mundo sair com alguma pessoa viciada em drogas. Você se frusta: eu não sou o suficiente, eu não posso mudá-lo…
M: É difícil ver as pessoas se destruírem. Sempre pensamos que podemos consertá-los, mas eles precisam fazer isso sozinhos. Mude a si mesmo.
H.S.: Quando você escreve um álbum, as melhores demoram um pouco pra serem escritas? Como foi pra escrever Vogue?
M: Eu vi as pessoas dançando aquilo e eu tinha que escrever uma música pro Dick Tracy. E então eu pensei em todas aquelas celebridades, aquele glamour… Ela foi um processo de unir tudo isso.
H.S.: É mais satisfatório quando o sucesso é uma música que você escreveu?
M: Sim, é melhor.
H.S.: Você pensa muito sobre a morte?
M: Não.
H.S.: Acha que vai viver pra sempre?
M: Artistas vivem pra sempre.
H.S.: Você ainda não achou o grande amor da sua vida?
M: Talvez eu tenha achado, talvez eu não tenha aproveitado ou valorizado…
H.S.: Descreva o amor da sua vida.
M: Eu não vou por esse caminho.
H.S.: Mas você namorou muito.
M: Sim, nos meus 30. Quando tive minha primeira filha começou a pensar mais sobre quem eu traria pra vida dos meus filhos.
H.S.: “Na Cama com Madonna” foi a realidade se transformando em história. Hoje todo mundo faz.. você ficou feliz com o resultado?
M: Sim, muito! O objetivo era entreter…
H.S.: Eu acho que uma outra obra sua que as pessoas desvalorizam é Evita.
M: Eu não acho que desvalorizam, apenas não se preocupam com a sua existência.
H.S.: Um homem comum já te chamou pra sair?
M: Sim.
H.S.: Você está em algum site de namoros?
M: Não. E nem no Tinder.
H.S.: O que você acha dessas novas garotas? Elas estão seguindo seus passos. E algumas pessoas não ligam pra você… Mas você que abriu o caminho para elas em termo de provocações, videoclipes… Até mesmo no jeito de gerir seus negócios. As pessoas não se lembram, mas você descobriu Alanis Morissette. Como foi para você?
M: Guy Oseary trouxe ela pra mim. Eu me lembro dela chegando e cantando pra mim no escritório. Ela era muito talentosa.
H.S.: E você não recebeu muitos créditos por isso. Isso importa?
M: Não, não agora… Já faz tanto tempo.
H.S.: Você gosta de ser entrevistada?
M: Sim, se o entrevistador for inteligente.
H.S.: Você é Joana D’Arc?
M: Não, eu sou uma pessoa que se espelha na força dela. Ela foi torturada quando deveria ser louvada pelo que fez. Acusaram-na de bruxaria e a forçaram a admitir que era do mal. Mas ela não se curvou a eles, mesmo que ela morresse por isso. Ela não se importou com o que diziam… E eu gostaria de ser uma pessoa assim.
H.S.: Você quer ser Joana D’Arc?
M: Eu não poderia me comparar a alguém tão grandioso sim, mas me identifico em algumas maneiras. Mas não quero morrer por isso. Só queria ser tão forte.
H.S.: Mas você já chegou a ser queimada, metaforicamente. Pessoas já te desafiaram, pediram pra você parar…
M: Mas não tentaram me matar.
H.S.: Você toca instrumentos. Você toca bateria!
M: Sim, foi como eu comecei.
H.S.: Quando você compõe, as letras vêm primeiro?
M: Mais ou menos. Depende.
H.S.: Você tem um diário onde escreve suas ideias?
M: Sim.
H.S.: Ele é obscuro?
M: Sim.
H.S.: As pessoas, como seus filhos, podem ler?
M: Podem, mas não vão. Acho que não se preocupam com meus pensamentos obscuros.
H.S.: Você se apaixonou por alguém enquanto compunha com essa pessoa?
M: Sim. Criar com alguém é um grande afrodisíaco.
H.S.: Você sentia ciúmes? Como você controla a insegurança?
M: Sim, eu simplesmente não falava sobre isso. Me obrigava a lidar com isso sozinha. Às vezes deixava escapar… Mas só em situações específicas. E você precisa superar. Se a pessoa quer fazer alguma coisa, ela fará. Se quiser te deixar, ela deixará. Se ela for roubada, então deixe ir…
H.S.: Entendo o que você diz, mas ainda assim é difícil…
M: Sim, porque nós somos humanos. E quando você ama alguém, você quer que ela ame a você e somente a você.
H.S.: Você fica nervosa em apresentações?
M: Sim, se tiver alguém com quem eu me importo ou admiro na plateia, sim.
H.S.: E o SuperBowl?
M: Sim. Eu estava muito nervosa! Mas é porque era um programa ao vivo com muitos efeitos fora das minhas mãos. Aquilo era algo sério, não podia dar errado com o mundo todo olhando.
H.S.: E você sabe que o mundo te julga depois daquilo.
M: Sim. Mas eu estava preocupada com a minha performance. E eu sei que fiz tudo certo.
H.S.: Você sentiu falta da América quando morava em Londres?
M: Foi divertido morar em outro lugar e eu estava sempre em Nova York.
H.S.: Você tem pesadelos que está no palco e tudo dá errado?
M: Aconteceu e não foi sonho. No BRIT Awards, quando eu caí por causa da capa. Eu tinha tudo ensaiado… Nunca faço nada ao vivo sem ensaio. Eu tinha uma longa capa da Armani e andava em uma passarela até o palco. A minha entrada era no meio da plateia e seria tirada na parte debaixo das escadas. E eu teria as duas japonesas que tirariam a capa… Ensaiamos mil vezes! A capa era presa por ímãs, mas a parte de cima tinha que ser amarrada para não cair… Estava tudo certo. Mas lá em cima, o laço virou nó e não saiu. E o problema é que eu não pude sair do meio da plateia na última hora e quando eu cheguei lá em cima, eu já sabia que elas iam puxar e a capa não estava desamarrada… Eu bati a cabeça no chão e ninguém no palco me viu cair, pois eles estavam olhando pra outros lados. Eu só pensava na dor e em tirar aquela capa de mim, quase me estrangulou. Meu primeiro pensamento era que eu queria começar de novo, mas eu sabia que não podia. Então tive que seguir em frente… e cada verso da música era insano como descrevia a situação.
H.S.: E isso remete a muito da sua vida.
M: Isso é algo que meu professor de dança me ensinou. Se você fez um erro, não deixe perceberem… Faça acreditarem que está tudo bem.
H.S.: Depois disso, você ficou brava com alguém?
M: Apenas comigo mesma. Eu me cobro demais e tenho orgulho em fazer tudo certo, então fiquei me culpando. Então tive que aguentar piadas sobre isso e seguir em frente.
H.S.: Mas aquilo que não era engraçado. Eu assisti, mas aquilo só me deixou assustado.
M: Anjos me protegeram. Eu poderia ter me machucado muito.
H.S.: Você acredita em anjos? É religiosa?
M: Acredito. E sou uma pessoa espiritualista e acredito em reencarnação. Nossas almas são energia que continuam quando desencarnamos.
H.S.: Seu novo álbum chama Rebel Heart e está disponível, assim como os ingressos para a sua nova turnê. Você estará por todo o planeta de novo?
M: Sim, irei.
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