Dia 29/09/09MÚSICA
Mais Madonna
MADONNA LANÇA COMPILAÇÃO OFICIAL DE SEUS HITS EM CD E DVD, INCLUINDO VIDEOCLIPES BANIDOS DA TV E ATÉ INÉDITOS
Coletâneas são a maneira mais usual – e segura – de se conhecer um artista. Munido de hits previamente selecionados, o ouvinte de primeira viagem tem condições de avaliar se o sujeito ribombando nos ouvidos merece ou não seu dinheiro. Mas o que fazer em tempos onde qualquer arquivo de áudio está de graça na internet, pronto para integrar compilações caseiras em um clique?Madonna chega perto da resposta com Celebration, reunião de sucessos da cantora desdobrada em duas frentes. Em uma, aquele manjado CD duplo com os hits de sempre – mais duas música inéditas, se serve de consolo. Na outra, o verdadeiro ouro: um pacote com quase todos os seus videoclipes, incluindo censurados, banidos da TV ou nunca antes lançados no formato. Ambos os lançamentos são da Warner (o CD custa R$ 58, e o DVD, R$ 79).Diferentemente de arquivos musicais, encontrados em alta qualidade na rede, os vídeos disponíveis em sites ainda não gozam da mesma prerrogativa. No caso de registros mais antigos ou raros, o que se vê na web são cópias tiradas de fitas VHS, sem tratamento de som e imagem.Lançando seu material em DVD, Madonna consegue atrair não só fãs, mas também colecionadores que desejam um produto com acabamento melhor. Além dos interessados na evolução do videoclipe, intimamente relacionada à cantora.Num casamento perfeito com a música que produzia, o vídeo a inseriu no universo pop de tal maneira que fez dela sua regente por mais de 30 anos. E pelos clipes selecionados para integrar a coletânea, é perceptível que talvez até mais do que como cantora, foi através de seus personagens que Madonna se reinventou para seguir no trono.GUSTAVO BRIGATTI
Assista sem parar:
Burning Up (1983) e Lucky Star (1984): de laçarote na cabeça e luvas com dedos cortados, Madonna se preparava para dominar o mundo.
Like a Prayer (1989): beijar um santo negro dentro de um igreja. Cruzes em chamas. Estigmas. Sim, tudo o que ela mais queria era arrumar encrenca.
Vogue (1990): a coreografia de Vogue está para Madonna como a de Thriller para Michael Jackson. É só tocar que alguém vai tentar “colocar” o rosto numa capa de revista.
Justify My Love (1990): tido como sexualmente explícito, o vídeo, banido até hoje da MTV, era o prenúncio de uma Madonna que aterrorizaria a classe-média americana. Sua estética e tema seriam revisitados em Erotica (1992) e Human Nature (1995).
Bedtime Story (1995): a cantora começa a flertar mais seriamente com a música eletrônica. O videoclipe foi comprado pelo Museu de Arte Contemporânea de Nova York para seu acervo permanente.
Music (2000): parte em forma de desenho animado, o clipe apresenta ao mundo o comediante Sacha Baron Cohen, que ficaria mundialmente conhecido anos depois como os infames Borat e Brüno.
American Pie (2000): querendo polemizar novamente, Madonna mostra o “cofrinho” e coloca casais de gays e lésbicas se beijando em frente à bandeira dos EUA.
What It Feels Like for a Girl (2001): dirigido pelo então marido da cantora, Guy Ritchie, é o videoclipe mais violento de Madonna. A canção inclui um excerto do filme O Jardim de Cimento, com a atriz Charlotte Gainsbourg, que explica o título.
Hung Up (2005): aos 50 anos, Madonna decide mostrar o bem que lhe fizeram décadas dedicadas a trabalhar o corpo. Daqui por diante, ela fará questão de aparecer em trajes sumários.
Celebration (2009): no vídeo de uma canção inédita, a cantora aparece dançando com a filha Lourdes Maria e beijando o namorado brasileiro Jesus Luz.
Ausência indesculpável:
American Life (2003): em sua versão original, o clipe mostrava um desfile com modelos fazendo as vezes de soldados e suas vítimas civis. Da metade em diante, a passarela tornava-se campo de guerra, e a plateia vibrava com as explosões e mortes, intercalada por cenas de conflitos reais. Na internet, é possível encontrar o clipe em pelo menos três versões distintas.
Obrigada Santa.
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