Entrevista feita ao site New Now Next e traduzida por nosso amigo Raphael Pechir.
A entrevista “sem remorsos” com Madonna: A Rainha do Pop fala sobre Grindr, vazamentos de músicas, seus filhos, e muito mais!
por Dan Avery
por Dan Avery
Uma pessoa se prepara para uma entrevista com Madonna com a mesma reverência e temor com que se prepararia para uma audiência com o Papa. A diferença é que o Papa não tem divertido, escandalizado e inspirado seus fãs por mais de 30 anos.
Mas, com a subida do álbum “Rebel Heart” nas paradas, a Matriarca do Pop concedeu uma entrevista intimista para os representantes da imprensa especializada gay, incluindo este que vos fala.
Pessoalmente, Madonna é bem menor que o esperado, mas não menos suntuosa e mágica. Mesmo depois de quase nove horas de um longo dia de entrevistas à imprensa, ela ainda é uma visão glamourosa, com apenas um fio de cabelo fora do lugar. Ela faz questão de perguntar a todos seus nomes e nos olha diretamente nos olhos quando falamos com ela.
A princípio, todos nós evitamos discutir os vazamentos das inúmeras faixas e demos de Rebel Heart que apareceram on-line ao longo dos últimos meses, o que forçou Madge a adiantar a data de lançamento do álbum e reconsiderar outros aspectos da produção. Mas, quando ficou claro que ela ainda tinha muito a dizer sobre o assunto, não perdemos a oportunidade.
Quase não houve assunto proibido: a Rainha do Pop estava feliz em poder falar sobre seus filhos, suas frustrações com Avicii e Diplo, sua infame referência “redutora” sobre Gaga, e o que ela pensa que está faltando à comunidade gay hoje em dia.
Só não peça para Madonna adiantar detalhes sobre sua próxima turnê. “Por que eu faria isso? Eu quero que seja uma surpresa para vocês.”, disse.
Os vazamentos de Rebel Heart mudaram alguma coisa no álbum final que foi lançado?
Mudaram tudo. Pra começar, os vazamentos me deixaram insana e extremamente ansiosa. Eu comecei a questionar tudo que tinha criado, porque, de repente, eu pensei “Oh, Deus, todo mundo já ouviu todas essas demos.” Eu realmente gostei de algumas demos, mas pensei: “Bem, eles ouviram a versão demo, então agora vão esperar algo diferente”. Em seguida, eles ouviram a próxima fase das versões, o que me fez continuar pensando: “Devo mudar isso, ou devo deixar como era?” Eu estava questionando tudo, ao invés de simplesmente escolher as versões finais apenas para mim e lançá-las como eu faria normalmente, como uma artista… A maneira como as músicas vazaram e a forma como o material começou a surgir de todos os lados e de formas diferentes me deixou louca. Em seguida, os vazamentos começaram a me fazer pensar que eu nem sabia mais qual versão eu deveria lançar oficialmente. Algumas pessoas diziam “Ooh, eu amo essa música!”, E eu dizia “Não, não a ame, porque essa não é a versão final”. Foi uma loucura! De agora em diante eu vou ficar fora da Web, tudo será entregue em mãos!
Mudaram tudo. Pra começar, os vazamentos me deixaram insana e extremamente ansiosa. Eu comecei a questionar tudo que tinha criado, porque, de repente, eu pensei “Oh, Deus, todo mundo já ouviu todas essas demos.” Eu realmente gostei de algumas demos, mas pensei: “Bem, eles ouviram a versão demo, então agora vão esperar algo diferente”. Em seguida, eles ouviram a próxima fase das versões, o que me fez continuar pensando: “Devo mudar isso, ou devo deixar como era?” Eu estava questionando tudo, ao invés de simplesmente escolher as versões finais apenas para mim e lançá-las como eu faria normalmente, como uma artista… A maneira como as músicas vazaram e a forma como o material começou a surgir de todos os lados e de formas diferentes me deixou louca. Em seguida, os vazamentos começaram a me fazer pensar que eu nem sabia mais qual versão eu deveria lançar oficialmente. Algumas pessoas diziam “Ooh, eu amo essa música!”, E eu dizia “Não, não a ame, porque essa não é a versão final”. Foi uma loucura! De agora em diante eu vou ficar fora da Web, tudo será entregue em mãos!
Canções como Veni, Vidi Vici têm uma temática auto-reflexiva, com referências a sucessos anteriores. Você estava se sentindo nostálgica enquanto criava Rebel Heart?
Eu não me preparei para escrever certos tipos de músicas, eu simplesmente quis escrever boas canções. Esse era o estado de espírito em que estava, e isso era o que eu estava canalizando. Em alguns momentos eu estava nostálgica e olhando para o passado. Em alguns momentos, eu estava em um estado de espírito para escrever canções como se estivesse escrevendo no meu diário, pronta para revelar certas partes de mim que eu me sentia preparada para revelar. “
Eu não me preparei para escrever certos tipos de músicas, eu simplesmente quis escrever boas canções. Esse era o estado de espírito em que estava, e isso era o que eu estava canalizando. Em alguns momentos eu estava nostálgica e olhando para o passado. Em alguns momentos, eu estava em um estado de espírito para escrever canções como se estivesse escrevendo no meu diário, pronta para revelar certas partes de mim que eu me sentia preparada para revelar. “
Body Shop é uma das minhas músicas favoritas do álbum. A música é muito “folksly”, folclórica, mas a letra é bastante…
Sexualmente provocante.
Sexualmente provocante.
Bem, sim. Foi essa a sua intenção de contrastar os instrumentais com as letras?
Foi intencional? Não…apenas aconteceu. Eu estava trabalhando com Toby Gad, que passou muito tempo na Índia. Há o sitar [um tipo de instrumento musical indiano] e a canção tem um sabor muito indiano. Eu gostei da idéia de usar o carro como uma espécie de metáfora sexual – O que você faz com um carro, o que você faz dentro de um carro – carro. Assim, surgiram as insinuações, e muita diversão. E todos nós amamos um mecânico bonito, certo? ;-)
Foi intencional? Não…apenas aconteceu. Eu estava trabalhando com Toby Gad, que passou muito tempo na Índia. Há o sitar [um tipo de instrumento musical indiano] e a canção tem um sabor muito indiano. Eu gostei da idéia de usar o carro como uma espécie de metáfora sexual – O que você faz com um carro, o que você faz dentro de um carro – carro. Assim, surgiram as insinuações, e muita diversão. E todos nós amamos um mecânico bonito, certo? ;-)
De todos estes colaboradores que trabalharam com você neste álbum, quem foi a maior surpresa?
Eu escrevi muitas canções boas com a equipe de Avicii, o que eu não esperava. Acabei escrevendo um monte de músicas pessoais, cheias de “alma” com esse grupo – que eu chamo de meu time Viking – todos muito inteligentes, pessoas maravilhosas, com alma. E eles me deixaram muito confortável. Eu acho que me senti segura o suficiente para escrever esse tipo de música, o que me surpreendeu. E Diplo foi muito particular. Ele me incentivou e me tirou da minha zona de conforto, e isso me ajudou bastante.
Eu escrevi muitas canções boas com a equipe de Avicii, o que eu não esperava. Acabei escrevendo um monte de músicas pessoais, cheias de “alma” com esse grupo – que eu chamo de meu time Viking – todos muito inteligentes, pessoas maravilhosas, com alma. E eles me deixaram muito confortável. Eu acho que me senti segura o suficiente para escrever esse tipo de música, o que me surpreendeu. E Diplo foi muito particular. Ele me incentivou e me tirou da minha zona de conforto, e isso me ajudou bastante.
O que inspirou o vídeo “Living for Love”?
Essa música é tão cheia de paixão, eu tinha que apresentá-la de uma forma apaixonada. Eu usei a mitologia para contar essa história, com a lenda do Minotauro e do matador, o toureiro, e luta pelo o amor, a cor vermelha, as flores e os chifres, a morte e os homens nus. Você sabe, as coisas importantes da vida. Eu não quero fazer todos os clipes iguais, mas eu amo a riqueza desse vídeo. Para mim, parecia uma pintura que veio à vida. Isso é o que eu estava tentando fazer. Eu não gostaria de fazer isso em todo clipe. Quando eu fizer “Bitch, I’m Madonna”, vai ser com uma estética totalmente diferente.
Essa música é tão cheia de paixão, eu tinha que apresentá-la de uma forma apaixonada. Eu usei a mitologia para contar essa história, com a lenda do Minotauro e do matador, o toureiro, e luta pelo o amor, a cor vermelha, as flores e os chifres, a morte e os homens nus. Você sabe, as coisas importantes da vida. Eu não quero fazer todos os clipes iguais, mas eu amo a riqueza desse vídeo. Para mim, parecia uma pintura que veio à vida. Isso é o que eu estava tentando fazer. Eu não gostaria de fazer isso em todo clipe. Quando eu fizer “Bitch, I’m Madonna”, vai ser com uma estética totalmente diferente.
Você vai participar de um bate-papo no Grindr. Qual é a sua perspectiva sobre essa nova cultura de conexão social que os aplicativos de paquera como Grindr e Tinder criaram?
É parte do mundo moderno em que vivemos. Eu acho que existem tantos idiotas se conhecendo da maneira tradicional quanto os que estão se conhecendo por meio dessa nova cultura de conexão.
É parte do mundo moderno em que vivemos. Eu acho que existem tantos idiotas se conhecendo da maneira tradicional quanto os que estão se conhecendo por meio dessa nova cultura de conexão.
Você percebeu mudanças na comunidade gay e em seus fãs gays desde o início de sua carreira até agora?
Quando eu surgi no mundo artístico, toda aquela epidemia da Aids estava começando, e a comunidade gay com a qual convivi desde o início da minha carreira estava principalmente – e esmagadoramente – preocupada em sobreviver. E percebi o quanto a vida e o tempo são preciosos. A comunidade gay e as pessoas que eram HIV-positivas foram tratados de maneira tão cruel, e eu ficava muito perturbada com isso. Mas eu também vi muito amor e companheirismo na comunidade gay naquele momento. Como todos os progressos experimentados por todas as comunidades e grupos marginalizados, acho que depois que o tempo passa e você adquire certos direitos e rompe certas barreiras, você pode, por vezes, achar que aqueles direitos são garantidos e certos. Isso pode, como consequência, levar a uma certa falta de companheirismo, de espírito de comunidade, o que eu de certa via naquela época.
Quando eu surgi no mundo artístico, toda aquela epidemia da Aids estava começando, e a comunidade gay com a qual convivi desde o início da minha carreira estava principalmente – e esmagadoramente – preocupada em sobreviver. E percebi o quanto a vida e o tempo são preciosos. A comunidade gay e as pessoas que eram HIV-positivas foram tratados de maneira tão cruel, e eu ficava muito perturbada com isso. Mas eu também vi muito amor e companheirismo na comunidade gay naquele momento. Como todos os progressos experimentados por todas as comunidades e grupos marginalizados, acho que depois que o tempo passa e você adquire certos direitos e rompe certas barreiras, você pode, por vezes, achar que aqueles direitos são garantidos e certos. Isso pode, como consequência, levar a uma certa falta de companheirismo, de espírito de comunidade, o que eu de certa via naquela época.
O que ainda assusta você?
A Ignorância.
A Ignorância.
O que você está lendo agora?
Eu estou tentando terminar dois livros diferentes. Um deles é “Goldfinch”, o Pintassilgo, e o outro é uma biografia de Bob Fosse.
Eu estou tentando terminar dois livros diferentes. Um deles é “Goldfinch”, o Pintassilgo, e o outro é uma biografia de Bob Fosse.
Seus filhos tem uma canção favorita do seu repertório?
Eles amam “Bitch, I’m Madonna”, os meus filhos adolescentes. Meu filho caçula, David – ele toca violão – gosta de “Devil Pray”.
Eles amam “Bitch, I’m Madonna”, os meus filhos adolescentes. Meu filho caçula, David – ele toca violão – gosta de “Devil Pray”.
O que você mais ama sobre a música pop?
Eu amo o quanto ela é acessível.
Eu amo o quanto ela é acessível.
O que você mais despreza sobre a música pop?
Despreza? Essa é uma palavra tão forte. Eu não gosto do tanto que o Pop ficou homogeneizado, tudo muito parecido. O Pop costumava ser muito mais diversificado. Talvez seja apenas porque tudo que tem tocado no rádio soa muito do mesmo. Mas eu não posso dizer que “desprezo”, isso é muito forte. Em casa, não usamos palavras como “desprezo” e “odeio”, dizemos “eu realmente não gosto”.
Despreza? Essa é uma palavra tão forte. Eu não gosto do tanto que o Pop ficou homogeneizado, tudo muito parecido. O Pop costumava ser muito mais diversificado. Talvez seja apenas porque tudo que tem tocado no rádio soa muito do mesmo. Mas eu não posso dizer que “desprezo”, isso é muito forte. Em casa, não usamos palavras como “desprezo” e “odeio”, dizemos “eu realmente não gosto”.
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